O congestionamento portuário nos EUA vai piorar antes de melhorar. Essa é a mensagem vinda dos armadores e especialistas do setor de logística internacional. A estimativa é que a atual situação deva se estender até o final do ano.
O forte acúmulo de cargas desde o final do ano de 2021, evidenciado por uma grande quantidade de contêineres nos terminais marítimos aguardando embarque, está sufocando a cadeia de suprimentos. Isso está levando a falta de espaço nos navios, escassez de contêineres e chassis e afetando diretamente no fluxo dos portos e nas ferrovias americanas. Isso esta ocorrendo exatamente quando o peek season está prestes a começar. Ou seja, tudo indica que podemos esperar um segundo semestre ainda mais aglomerado.
Estados Unidos
Com a situação já bem crítica nos portos, tanto na costa leste quanto oeste, estamos presenciando enormes filas de navios aguardando atracação. Muitas vezes os navios chegam ao porto, mas precisam aguardar dias, às vezes semanas para de fato atracar. E para dificultar ainda mais esta situação, os terminais portuários e serviço de trem estão com grande volume de cargas aguardando escoamento. Isso acaba impactando também na entrega dos containers a estes pontos.
O tempo médio que um navio passa no porto da Califórnia é dez vezes maior do que em Xangai, indicando uma lacuna considerável na produtividade do porto que é considerado o mais movimentado dos Estados Unidos.
Com isto, as transportadoras rodoviárias já estão cobrando uma taxa de congestionamento, pois os caminhões acabam ficando dias na fila para conseguirem descarregar e entregar o container nos terminais. E como se isso não bastasse, os congestionamentos dos navios que aguardam atracação (na barra) somado a falta de mão-de-obra nos portos, acabou acarretando em aumento das taxas portuárias e fretes internacionais.
China
Em relação ao oriente, a situação também está crítica. Xangai é o principal centro de fabricação da China e o maior porto de contêineres do mundo. Seus bloqueios persistentes e restrições estritas da COVID quadruplicaram os atrasos no transporte entre a China e os principais portos dos EUA e da Europa, desde o final de março de 2022. Pode ser que com o atual lockdown nas principais cidades chinesas, ou seja, menos navios com destino aos EUA, a situação atual melhore, mas muitos temem um drástico agravamento assim que Xangai e outras grandes cidades chinesas abrirem – quando toneladas de cargas armazenadas estarão em movimento novamente.
Além disso, outro problema é que o desvio de carga da costa oeste para a costa leste e o aumento dos voos de lazer transatlânticos estão impulsionando a demanda por espaço aéreo, gerando aumento nos valores e taxas de frete aéreo, bem como limitação de espaço nos próximos meses. Com a alta temporada chegando e o impacto total da interrupção no maior porto de contêineres do mundo em Xangai, a possibilidade de uma melhora significativa no atual cenário logístico dos EUA em curto prazo é bem remota.