Exportações brasileiras para a África: desafios logísticos e oportunidades estratégicas
7/16/20253 min read


Apesar de representar apenas cerca de 3,5% do comércio exterior brasileiro, a África tem se consolidado como um destino estratégico para exportações brasileiras de alto valor agregado. Entre 1998 e 2024, o Brasil exportou, em média, US$ 646 milhões por mês para o continente, com pico de US$ 1,389 bilhão em janeiro de 2024. Em maio de 2025, o volume total de exportações à África chegou a US$ 30,2 bilhões, ritmo semelhante ao ano anterior, mas ainda pressionado pela queda nos preços das commodities globais.
O crescimento dessa relação se apoia em setores-chave como agronegócio, bioenergia, máquinas e equipamentos, além de logística e transporte. Um marco recente foi o acordo bilateral de US$ 1 bilhão assinado entre Brasil e Nigéria, em junho de 2025, com foco em mecanização agrícola, segurança alimentar e infraestrutura energética.
O pacto prevê a entrega de maquinário, implantação de centros de serviço e programas de capacitação técnica, sinalizando um esforço de longo prazo para integrar cadeias de valor entre os dois países.
No entanto, o avanço sobre esse mercado requer atenção aos gargalos logísticos. A infraestrutura portuária e rodoviária de muitos países africanos, especialmente na África Ocidental, ainda é deficiente. A maior parte do transporte terrestre é feita por rodovias fragmentadas, com limitações operacionais e baixa segurança.
Por outro lado, o Brasil enfrenta seus próprios desafios logísticos: cerca de 60% da carga interna é movimentada por rodovias, muitas das quais em condições precárias, o que impacta os custos e os prazos das exportações destinadas a rotas de longo curso.
Para empresas brasileiras que desejam atuar ou expandir na África, é fundamental adotar uma abordagem estruturada. O uso de estratégias intermodais, combinando transporte marítimo até hubs como Lagos, Tema ou Abidjan, com modais terrestres na sequência, pode reduzir riscos e aumentar a eficiência. A implantação de centros de distribuição próximos a portos também é uma boa prática para mitigar a instabilidade na última milha logística.
Além disso, é imprescindível investir em digitalização da cadeia: sistemas TMS, rastreamento por RFID, blockchain para certificação de origem e controles fitossanitários são diferenciais competitivos em mercados exigentes.
O acesso a esses mercados também passa por mecanismos regulatórios. A Área de Livre Comércio Continental Africana (AfCFTA), em vigor desde 2021, promete simplificar o fluxo de mercadorias entre 54 países africanos, mas ainda enfrenta desafios de padronização documental e infraestrutura de suporte à integração regional.
As oportunidades, por outro lado, são robustas. O AfCFTA pode ampliar exponencialmente o mercado endereçável para empresas brasileiras, especialmente as que atuam com produtos industrializados, biocombustíveis, tecnologia agrícola e soluções logísticas. A presença brasileira já se fortalece com empresas como a JSL, que iniciou operações de transporte terrestre em Gana e planeja expansão para outros países da região.
Em termos operacionais, recomenda-se que as empresas interessadas participem de missões comerciais organizadas por entidades como a ApexBrasil, que oferecem suporte institucional e inteligência de mercado. Focar em produtos com maior valor agregado — como agritechs, biocombustíveis processados, fertilizantes, equipamentos e alimentos industrializados — aumenta a competitividade frente a mercados mais consolidados, como China e Índia. Também é essencial observar os requisitos regulatórios locais, como certificações de origem, fitossanitárias e sanitárias, além de investir na capacitação de equipes locais e na adaptação das operações logísticas aos contextos regionais.
Em resumo, a África é uma fronteira estratégica para empresas brasileiras com capacidade de adaptação logística e foco em soluções de maior valor. A combinação entre acordos bilaterais, integração regional via AfCFTA, e investimentos em infraestrutura, certificações e tecnologia cria um ambiente fértil para uma nova fase das exportações brasileiras.
Para o setor logístico, em especial, trata-se de uma oportunidade concreta de expansão, inovação e ganho de competitividade em escala internacional.
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