Backhaul na logística internacional: estratégia essencial para eficiência operacional e competitividade global

7/23/20253 min read

brown cardboard boxes on white metal rack
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No contexto da logística internacional, o backhaul — o aproveitamento da rota de retorno após a entrega de uma carga — tem se consolidado como um fator crítico para otimização de custos, redução de ociosidade e aumento da eficiência ambiental das operações.

Ainda que amplamente difundido em mercados com cadeias logísticas maduras, o conceito segue subutilizado em diversos fluxos do comércio exterior brasileiro, especialmente por barreiras estruturais e assimetrias comerciais.

Por que ele importa?

De forma objetiva, o backhaul consiste no uso da viagem de retorno de veículos ou unidades de transporte (como contêineres e carretas) para realizar uma nova operação de transporte. Na prática, trata-se de evitar que ativos logísticos retornem vazios após uma entrega, uma situação que gera aumento de custo por tonelada útil transportada, desperdício operacional e incremento de emissões de carbono.

A aplicação eficiente do backhaul contribui diretamente para:

  • Melhoria do índice de utilização de ativos

  • Redução do custo total de transporte

  • Aumento da rentabilidade de rotas de longo curso

  • Diminuição das emissões relativas por tonelada-km

  • Maior equilíbrio na malha logística

Em termos ambientais, a estratégia se alinha a diretrizes de ESG e políticas de descarbonização cada vez mais exigidas por cadeias globais de suprimentos.

Entraves estruturais à adoção do backhaul

Apesar das vantagens evidentes, o aproveitamento do backhaul enfrenta entraves estruturais relevantes em mercados como o brasileiro:

  • Fluxo comercial assimétrico: há desequilíbrio entre os volumes exportados e importados em diversas rotas, o que dificulta a consolidação de cargas no retorno.

  • Baixa integração entre players logísticos: embarcadores, transportadores e operadores muitas vezes atuam de forma isolada, sem compartilhamento de capacidade ou informação.

  • Falta de sistemas robustos de visibilidade em tempo real: a ausência de plataformas consolidadas para matching de cargas de ida e volta reduz a agilidade na contratação de retornos.

  • Limitações regulatórias e fiscais: em alguns casos, questões burocráticas, tributárias ou de acordos comerciais podem inviabilizar o uso eficiente do retorno.

Essas limitações acabam impactando especialmente cadeias dependentes de contêineres dry, que retornam ao ponto de origem com alto grau de ociosidade.

A aplicação prática do backhaul exige um redesenho de processos logísticos com foco em integração, tecnologia e gestão colaborativa. Algumas ações essenciais incluem:

Planejamento logístico integrado

Coordenação entre áreas de suprimentos, exportação, importação e transportes, buscando sinergias entre fluxos. O mapeamento de rotas com potencial de backhaul deve considerar sazonalidade, demanda histórica e capacidade instalada.

Plataformas digitais e freight marketplaces

O uso de soluções digitais para rastreamento de cargas, cotação de fretes e integração com operadores permite realizar matchings em tempo real, aumentando a viabilidade do retorno com carga útil.

Parcerias estratégicas e redes logísticas colaborativas

A formação de alianças entre empresas com fluxos complementares pode viabilizar operações conjuntas, reduzindo custos logísticos totais e aumentando a ocupação dos veículos.

Monitoramento e análise de dados de fluxo

O uso de dados de transporte, previsão de demanda e indicadores de performance logística são fundamentais para identificar rotas com potencial de backhaul recorrente e justificar investimentos.

Apoio institucional e incentivo regulatório

Políticas públicas que incentivem a consolidação de cargas, simplifiquem procedimentos aduaneiros e promovam a digitalização logística podem contribuir para a ampliação do uso do backhaul em rotas internacionais.

A adoção estratégica do backhaul vai além da eficiência operacional: ela representa uma resposta técnica e economicamente viável aos desafios de sustentabilidade, rentabilidade e competitividade no comércio global.

Empresas que incorporam essa prática tendem a se posicionar de forma mais resiliente frente às pressões por redução de custos logísticos e maior controle das emissões da cadeia de suprimentos.